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Por Letícia Carstenzen

No Brasil, queimaduras levam à morte 2 mil pessoas por ano

A doação de pele pode ajudar pessoas com queimaduras e doenças de pele

Para ser um doador de pele, é importante avisar sua família (Crédito: Pixabay)

As queimaduras são responsáveis por mais de 2 mil mortes por ano no Brasil, conforme dados do Departamento de Banco de Peles do Hospital Evangélico. Isso poderia ser, em muitos casos, evitado com a doação de pele. Esse tipo de doação ajuda pessoas que sofreram queimaduras ou sofrem com doenças de pele. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendado que exista um banco de doação de pele para cada município com população maior que 500 mil habitantes.

Curitiba tem um dos maiores bancos de pele do Paós, que é o do Hospital Evangélico. A instituição iniciou seu projeto no ano de 2009 para arrecadação de recursos, mas só em 2013 foi autorizada a funcionar como banco de pele, com o objetivo de ampliar a disponibilidade da doação de pele em todo o território nacional.

Gisele da Silva* é mãe de Leonardo*, de seis anos. Ele sofreu queimaduras de terceiro grau há dois anos em um acidente doméstico e ficou cinco meses internado no Hospital Evangélico de Curitiba. Devido à gravidade das queimaduras, precisou passar por sessões de enxerto. “Na verdade, ele conseguiu fazer o autoenxerto, com a pele dele mesmo, retirada de outros locais do corpo, mas o tempo que passei lá vi muitas pessoas com casos bem piores e, em muitos casos, o banco de pele foi essencial para a recuperação", declara.

A doação de pele segue os critérios do Sistema Nacional de Transplante e só pode ser feito com autorização dos familiares. Por isso, assim como é feito para doação de órgãos, é importante avisar as famílias do desejo da doação.

* Os nomes são fictícios porque as fontes preferiram não se identificar.

Porque doar pele?

  • A pele serve como uma barreira que protege contra infecções, o que também diminui o risco de contaminações, pois as queimaduras de terceiro grau perdem as defesas e ficam expostas a vírus, bactérias e fungos.

  • O paciente passa por menos cirurgias, o que diminui o sofrimento.

  • Menor tempo de internação e uso de antibióticos, consequentemente, diminui os custos do tratamento.

  • Possibilidade de enxertos precoces.

Como é feita a doação?

Os doadores devem ter de 14 a 60 anos. Depois da autorização da família, as camadas mais superficiais da pele são retiradas tratadas e transplantadas. Geralmente são retiradas as camadas de pele das costas e coxas. Após a retirada, a pele entra em um processo de 40 dias para verificar possíveis contaminações. Depois dos testes, a pele é congelada e pode ficar armazenada do banco de pele por até dois anos.

Segundo informações do Departamento de Banco de Peles do Hospital Evangélico, muitas vezes a doação de pele não é autorizada pela família porque acreditam que isso irá prejudicar o doador. “Depois do falecimento, a família é perguntada sobre a possível doação, mas, muitas vezes, ela não é autorizada por acreditarem que vai desfigurar o doador".

É possível realizar vários tipos de enxertos nos casos de queimaduras, que dependem de uma avaliação médica. Veja os tipos no quadro abaixo:

  • Autoenxerto — o receptor recebe a pele do próprio organismo;

  • Isoenxerto — a doação de pele é retirada do irmão gêmeo univitelino do receptor;

  • Aloenxerto (homoenxerto) — o receptor recebe a pele de outro doador, que é da mesma espécie;

  • Xenoenxerto (heteroenxerto) — o receptor recebe pele de animal de outra espécie (comumente, de porcos).

Ainda são poucos os bancos de pele. No Brasil, atualmente, existem quatro. Veja onde estão localizadas:

(Crédito: Letícia Carstenzen)

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