A constante ida e volta da moda, e como esta em particular foi percebida e aceita pelo público na cidade de Curitiba
Peças e acessórios direto dos anos 90 para as ruas de Curitiba (Foto: Ivana Adrogué)
O aumento de velhas tendências retomadas no ano de 2016 como a moda dos anos 90, é ditado em eventos como desfiles. Coleções de grandes marcas de roupa, grandes nomes de estilistas que em cada temporada apresentam novos conceitos, sendo muitos deles reciclados de antigas ideias do mundo da moda.
A semana de moda de Nova York, de Paris, e posteriormente, de São Paulo, por exemplo, trazem a partir de detalhes, as novas tendências para as estações do ano. É evidente como a moda tem seguido seu ciclo de retornar modernizada, mais caracterizada, e muitas vezes imersa em novas tendências. É, de fato, um ciclo vicioso que atinge profissionais da área, bem como usuários do mundo da moda.
Em 2016, podemos perceber nas revistas, nas passarelas e nas ruas a volta de acessórios, peças, utilitários de maquiagem, bem como tendências de comportamento adequadas a estilos de roupas que reinavam nos anos 90 em várias partes do mundo.
A modelo e amante da moda, Letícia Costa, de 21 anos, conta como percebeu essa tendência nas lojas e no seu dia a dia. Hoje ela trabalha em uma agência de modelos, onde presencia a moda, e inclusive faz uso de peças e acessórios desse ciclo. Ela conta como sempre teve que construir essa relação com a moda, desde que pensou em entrar para o mundo de modelo. “Quando eu tinha 18 anos e estava entrando na agência de modelos, me pediram que eu fizesse postagens no facebook sobre a moda de uma forma geral, incluindo tendências, o que os modelos deveriam usar e o que não deveriam”, conta Letícia.
Já que está mais do que inserida nesse mundo, ela diz que, sempre que pode, procura estar antenada nas novas tendências através de blogs. Ela acredita que nada surge do nada, com relação às idas e vindas da moda. “Tudo é uma releitura de algo que já existe. Uma tendência antiga que já era linda, fica mais ainda, e mais moderna e contemporânea. Acredita que isso nunca vai mudar”, resume ela.
Sobre os acessórios dos anos 90, Letícia comenta que usa várias peças. Segundo ela, é difícil não usar devido à enorme exposição nas araras, dentro das lojas. Letícia ressalta que a questão é saber usar. “Eu uso muito calça jeans rasgada, roupas mais largas, macacão jeans, sapato de plataforma, a maquiagem, mais para o trabalho, com tons metalizados na sombra, por exemplo. E, muito cós alto em calça e saia, juntamente do cropped”, detalha.
O que chamou mais atenção da modelo em relação à reciclagem dos anos 90 na moda foi o fato de poder rever estilos e peças que sua mãe utilizava. “Olhando um álbum de fotos antigas da minha mãe, vejo roupas que ela usava, como macacão jeans, e é o que eu uso hoje, isso é muito legal”, conta.
A jornalista de moda e youtuber Camila Gaio comenta sobre esse comportamento de ida e volta. "Acho que faz parte do ciclo natural da moda, que resgata tendências antigas de tempos em tempos." Ela não usa todas as peças, mas gosta de algumas, como coleiras de metal e tênis branco. "O resto não combina muito com meu estilo", brinca.
Em vídeo, dois consultores de moda, Lígia Bender Moreira e Rômulo Soares Rodrigues, que atuam na cidade de Curitiba, contam um pouco da percepção que tiveram sobre a reciclagem da moda dos anos 90 como tendência. Trazem também acessórios que perceberam nas ruas e lojas, peças que ocupam guarda-roupas de milhões de amantes da moda, além de vestir e comentar sobre as peças que eles mesmos utilizam no dia a dia.
Consultores de moda explicam a volta da nova tendência dos anos 90. (Vídeo: Ivana Adrogué)
Direto das passarelas para as ruas
A moda contemporânea que vai conquistando as marcas, os estudiosos do ramo e, por fim, chega às ruas não deixou de funcionar também para a reciclagem dos anos 90. A jornalista e consultora de moda Lígia Bender Moreira e o também consultor e estudante de moda Rômulo Soares Rodrigues observaram nesse último ano as lojas e ruas da cidade de Curitiba e explicam o que entendem como tendência atual.
Lígia Bender Moreira, jornalista e consultora de moda. (Foto: Ivana Adrogué)
As dicas que seguem são da consultora de moda a partir do look acima, escolhido por ela.
Choker
Espécie de colar justo, que era muito utilizado nos anos 90. Os modelos incluíam estilo tatuagem e com pingentes, e voltaram com tudo no ano de 2016 nas duas opções.
Calça de Cintura Alta
Não só calças, mas todas as partes de baixo, incluindo shorts, calças e saias, com a cintura alta, valorizando o corpo da mulher.
Sapatos de tom prateado, soltado tratorado
Sapatos de salto alto, baixo, sapatilhas, e todo e qualquer sapato seja ele aberto ou fechado, voltou com tendências prateadas em seu revestimento. O uso do solado plataforma para sandálias, bem como solado “tratorado” também foram incorporados novamente.
Cropped
O uso de blusas e de tops, que deixam a barriga de fora, de curto comprimento, voltou em diversas estampas e tecidos, como uma lembrança dos anos 90 também.
Rômulo Soares, estudante de moda e consultor. (Foto: Ivana Adrogué)
As dicas abaixo são do consultor Rômulo Soares Rodrigues a partir do look escolhido por ele.
Uso de jeans lavados ou rasgados
Os anos 90 foram marcados pelo uso mais que excessivo de jeans. Tons, lavagens diferentes, bem como uso de rasgados, tanto nas peças de cima quanto nas de baixo. A referência de um estilo desleixado, com uso de peças como jaquetas jeans mais soltas, por exemplo, também recheavam os anos 90, e está sendo um conceito reutilizado nesse ano.
Confira abaixo fotos detalhadas dos acessórios mencionados acima, na galeria de fotos abaixo.
A influência das mídias socias na moda e nos usuários
Jornalista de moda Camila Gaio dá dicas de moda através do Youtube. (Imagem: Divulgação/Camila Gaio)
No mundo online tem sido cada vez maior o número de migrações de estilistas, consultores, estudiosos da área da moda para as mídias sociais, atingindo um público mais amplo e satisfação pessoal. Existe o uso de divulgação de looks, conselhos e opiniões em plataformas como Youtube, Instagram, Twiter, Facebook, Pinterest, e blogs específicos.
Em entrevista, a youtuber Camila Gaio, jornalista de moda e editora da revista Elle, que reside e atua em São Paulo, conta um pouco sobre o processo de migrar para a rede social Youtube, com intuito de divulgar suas ideias sobre assuntos relacionados a moda e comportamento. "Eu sempre fui de falar muito e tive facilidade para falar na frente da câmera; meu marido sugeriu que eu tivesse um canal no Youtube e eu achei que poderia ser legal. Dá muito trabalho e retorno financeiro quase nenhum, mas gosto muito da interação com o público.", relata Camila.
O Youtube é seu principal canal de trabalho, mas Camila utiliza a rede social Instagram para divulgação de fotos e o Snapchat para publicar vídeos do seu dia a dia em eventos de moda e trabalho na área. A página do Facebook dela ainda reúne divulgação de vídeos e conteúdo de moda extra.
Camila hoje tem 16 mil seguidores no Youtube, 13 mil no Instagram e 63 mil no Facebook. No entanto, ela diz que não foi fácil atingir os números que tem hoje e que continua trabalhando muito para conquistar cada vez mais pessoas.
Quando questionada sobre as dificuldades, conta que existiram desde o começo. "Vejo pessoas com números maiores e menores do que os meus, e conteúdos melhores e piores. É engraçado que nas redes nem sempre bom conteúdo e prestígio revertem em seguidores", desabafa.
A youtuber acredita que essa tendência de redes sociais para divulgar e opinar só tende a crescer com relação à moda, e afirma que enxerga isso como uma influência. "Hoje em dia, todo mundo usa as redes pra ver o que está em alta e comprar", finaliza.