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Por Priscila Michele

Um terço dos aposentados acima de 60 anos ainda trabalha

Nove em cada dez idosos continuam trabalhando para o sustento da família

Modelo da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) criado em 1932. (Crédito: Priscila Michele)

A reforma da Previdência, aprovada em maio deste ano na Câmara dos Deputados, sancionou um novo texto-base que visa acabar com a aposentadoria por tempo de contribuição, estabelecendo um tempo de 25 anos para homens e mulheres. Nesta fase, ambos que contribuírem com o tempo determinado, alcançando a idade mínima proposta de 65 anos para homens e 62 para mulheres, obterá 100% da contribuição.

No entanto, isso ainda preocupa os futuros aposentados e aqueles que já recebem o benefício. Afinal, a aposentadoria e o recebimento de pensão são as principais fontes de renda de 74,6% dos idosos no país, de acordo com a pesquisa realizada em 2016 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A pesquisa ainda revela que mais de um terço dos aposentados ainda trabalha. Essa decisão de seguir trabalhando está relacionada, principalmente, à necessidade financeira, embora essa não seja a única razão.

Uma das justificativas de 33,9% dos aposentados que ainda trabalham é que a aposentadoria não é o suficiente para pagar as contas. O percentual desses trabalhadores com idade entre 60 e 70 anos subiu 42,3%, ou seja, o mercado de trabalho para eles é uma forma de ampliar a renda pessoal. Segundo a pesquisa, nove em cada dez (95,7%) idosos contribuem ativamente para o sustento financeiro da casa.

A EntreVerbos entrevistou a assistente operacional Maria Helena, que se soma aos 46,9% da pesquisa que afirmam que a aposentadoria não é suficiente para despesas pessoais. Para ela, atribuir uma nova renda ao benefício é necessário, já que, com os seus 30 anos de contribuição, a aposentada tem necessidades com o pouco que ganha. Ouça o áudio com trecho da entrevista.

Maria ainda faz parte do grupo de 1,7%, que são empregados por empresas privadas, conforme mostra o infográfico acima. Mas, as justificativas para aqueles que optam por continuar no mercado de trabalho também são outras. Dois em cada dez idosos (23,2%) continuam trabalhando para manter a mente ocupada e 18,7% para se sentirem pessoas mais produtivas na sociedade.

Os dados apontam que 70,7% possuem pensamentos positivos sobre trabalhar, 38,8% satisfação pessoal e 19,7% sentem orgulho. Para o geriatra Rodolfo Pedrão, essa socialização é saudável para o idoso, pois,

ele precisa sentir se incluso na sociedade. Confira o áudio da entrevista.

Pensar no futuro é pensar em si mesmo

Um dado preocupante do estudo e que, em certo modo, explica o fato de tantos idosos ainda se sentirem na necessidade de trabalhar, é que 35,1% dessa população acima de 60 anos chega a terceira idade sem ter se preparado para a aposentadoria. No caso das mulheres e dos idosos das classes C, D E, o percentual é ainda maior: 39,5% e 41,5%, respectivamente.

Para o geriatra Rodolfo Pedrão, trabalhar na terceira idade deve ser algo satisfatório para o idoso, não por uma imposição causada pela necessidade financeira. Isso pode acabar comprometendo a qualidade de vida de quem já trabalhou por muito tempo, como explica o médico neste áudio.

A pesquisa ainda mostra que seis em cada dez idosos entrevistados (61,5%) fizeram algum tipo de preparo para chegar à aposentadoria. As principais atitudes tomadas foram a contribuição compulsória do INSS pela empresa em que trabalhavam (40,8%) e o pagamento do INSS por conta própria (17,4%). Uma parcela reduzida, de apenas 8,4%, teve o cuidado de investir na previdência privada. Outros tipos de preparo ainda mencionados, mas com menos intensidade, foram o depósito na poupança (4,5%) e o investimento em imóveis (4,4%).

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