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Por Liliane Jochelavicius

Internet altera dinâmica da produção e transmissão de conteúdo

Tecnologia abre um canal de comunicação para setores que antes não atingiam grande número de pessoas

Internet possibilita novos formatos de transmissão de conteúdo. (Crédito: Liliane Jochelavicius)

No início deste ano, pela primeira vez, o jogo entre Atlético Paranaense e Coritiba (Atletiba) foi transmitido exclusivamente via internet. O jogo deveria acontecer no dia 19 de fevereiro, mas foi cancelado por falta de acordo entre times e emissora de televisão. Os torcedores, Marina Agranionih e Raphael William Costa, estavam no estádio e relatam que depois de muito atraso viram pela internet que a transmissão por YouTube não estava sendo liberada. Alguns jogadores saíram e voltaram ao campo, depois foi anunciado o cancelamento do jogo. O casal conseguiu reembolso dos ingressos. Eles concordam com a atitude dos times, pois devem ser priorizados o esporte e os clubes, e não a emissora de televisão.

A jornalista Thaise Oliveira fala que a transmissão dos jogos via internet permite que um público maior seja atingido. ”Muita gente antigamente não conseguia acompanhar seu time, não só nos dias de jogo, mas também as notícias do clube, agora, com a internet, isso é possível. Pela internet você consegue, por exemplo, saber quem são os jogadores de um time lá do Acre.” Thaise ainda salienta que o Campeonato Brasileiro de Futebol tem 20 times, no domingo passa, apenas, um jogo na TV aberta e cada rodada tem dez jogos, por isso muitas pessoas não conseguem acompanhar seu clube pela televisão. Além disso, a internet também permite escolher outro esporte, pois nem todo mundo gosta de futebol.

Thaise trabalha há quase um ano na radioweb Força Jovem, que realiza transmissão dos jogos dos três times de Curitiba. Ela conta que a internet além de permitir que as pessoas tenham acesso a conteúdos que antes eram mais restritos, também abre espaço para iniciativas que não seriam possíveis nos meios de comunicação tradicionais.

O streaming (forma de transmissão instantânea de dados sem a necessidade de fazer download) é considerado uma vantagem, nesse sentido, pelo supervisor da área de transmissão do Centro Universitário Internacional (Uninter), Reginaldo Servilha de Carvalho. Ele considera que, com essa tecnologia, é possível atingir um público maior, que não teria acesso a determinado conteúdo de outra forma. Também possibilita que youtubers conquistem público de forma veloz. Pessoas que não teriam espaço na TV ficam famosas rapidamente, na opinião de Carvalho.

A questão do público

A transmissão feita via satélite precisa de um receptor e antena, como é feito pelas redes de televisão. Na internet é preciso de uma rede e um dispositivo conectado. Carvalho explica que há dois tipos de streaming, o fixo e o variável. No primeiro caso, se a velocidade de quem recebe é inferior, pode haver perda de qualidade ou até mesmo impossibilitar o recebimento do conteúdo.

A transmissão de conteúdo audiovisual via internet vai ser vantajosa ou não dependendo do público que se pretende atingir. Juliana Tischenberg, que trabalha com comunicação na Primeira Igreja Batista de Curitiba (PIB), relata que principalmente as pessoas mais velhas acompanham o conteúdo majoritariamente pela TV ou rádio. O acesso do conteúdo disponível na internet é feito, na maior parte das vezes, pelos mais jovens.

Inicialmente o programa Alta Tensão era transmitido em emissoras de rádio e televisão. Em 2013 o responsável pelo programa, Plínio Morais, foi a Minas Gerais propor que o programa integrasse a programação da Rede Super. A emissora gostou tanto da ideia que acabou optando por iniciar uma filial em Curitiba, da qual o programa faz parte. A PIB Curitiba agora disponibiliza conteúdos pela emissora de televisão e pela internet, faz transmissões ao vivo pelo Facebook e pelo YouTube, relata Morais.

Galeria com imagens da Primeira Igreja Batista de Curitiba e do Apartamento 108. (Créditos: Liliane Jochelavicius)

Outros canais

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) também usa a internet como meio de comunicação. A partir da metade de 2016 começou a explorar a possibilidade de transmissão ao vivo via internet. O social media da APP, Luan Romero de Souza, explica que o Sindicato tem um programa quinzenal, em espaço próprio, com conteúdos de interesse dos que acompanham a página como, por exemplo, a reforma da previdência.

Com essa forma de compartilhamento de conteúdo, há grande interação do público, às vezes ela é simultânea. Conforme o conteúdo é disponibilizado, as pessoas já vão fazendo perguntas. Além de vídeo, há o material editorial e uma radioweb, que deve ser retomada em breve. Há produções audiovisuais ao vivo e outras gravadas e depois divulgadas, no Facebook e YouTube. Antes do uso das ferramentas da internet, a APP não tinha um espaço fixo para suas informações.

Não são todos que podem participar de assembleias, então as que têm assuntos de maior apelo são transmitidas ao vivo. O funcionário da assessoria de comunicação da APP, Tiago Tavares, relata que por meio da internet as informações são transmitidas de forma mais rápida dentro do público da APP-Sindicato. As publicações ficam disponíveis no site, YouTube e Facebook.

Por outro lado, o casal Ane Karoline Peichó e Rudney Cordeiro Soares têm um canal descontraído no YouTube, chamado Apartamento 108, onde só publicam conteúdo gravado e editado. Há alguns anos pensavam em produzir conteúdo para a internet, mas não sabiam o que fazer. Eram consumidores de blogs e depois de vídeos no YouTube. Quando começaram a arrumar o apartamento em que iriam morar juntos, perceberam ter encontrado um assunto para seu próprio canal.

Ane e Rudney não sabiam por onde começar, nunca pesquisaram informações sobre reforma e como mobiliar uma apartamento. Também não procuraram por outros canais sobre o assunto. Mas, quando começaram a ter contato com essas outras pessoas, perceberam que, em geral, os vídeos eram feitos por mulheres falando para mulheres, poucas vezes por homens e menos ainda por casais, que falassem com homens e mulheres. Veja abaixo como são feitas as filmagens:

Vídeo mostra casal do apartamento 108 gravando conteúdo. (Crédito: Liliane Jochelavicius)

Os vídeos não seguem um roteiro preestabelecido. Começaram falando sobre a montagem do apartamento e hoje mostram a rotina, falam sobre relacionamento ou o que mais acharem pertinente. Filmam em casa, no carro, no supermercado e na rua. Em geral seguram a câmera na mão e criam o vídeo da forma mais espontânea possível. O casal, no entanto, não ganha a vida com isso: cada um tem sua profissão: ela é professora de artes e ele trabalha a área administrativa da Câmara Municipal de São José dos Pinhais.

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