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Fábio Melo Da Silva

Ensino domiciliar é alvo de críticas de pais e especialistas

Projeto do governo federal prevê que o ensino de crianças e adolescentes ocorra em casa e que seja realizado pelos pais

A psicopedagoaga, Cláudia Bernardes, critica o ensino domiciliar, dentre outras razões, pela perda no convívio social: "as diferenças de ideias

e opiniões fazem com que as crianças evoluam". (Crédito: Fábio Melo)

Um dos assuntos que está em pauta na atualidade é o ensino domiciliar, conhecido também como homeschooling, método que permite alfabetização e ensino de crianças e adolescentes pelos próprios pais em suas casas. Em países como a Finlândia, essa modalidade já é aplicada por muitas famílias com, a autorização das autoridades. No Brasil, essa prática ainda não é reconhecida pelo Ministério da Educação, mas, o Presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), assinou em maio deste ano o decreto que autoriza essa modalidade de ensino e enviou para ser apreciado e votado no Congresso Nacional.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Brasil, existem ainda 11,5 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou mais, ou seja, que não sabem ler e escrever. Em contrapartida, muitos que hoje têm a habilidade e o gosto pela leitura foram ensinados dentro do ambiente educacional já tradicional, como mostra a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.

De acordo com a Associação Nacional de Educação Domiciliar (ANED), no Brasil existem 7,5 mil famílias ou cerca de 15 mil estudantes inseridos nesse estilo de ensino. Em comparação, foram registradas cerca de 49 milhões de matrículas nas quase 182 mil escolas de educação básica do país, segundo o Censo Escolar 2018 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

A psicopedagoga, Cláudia Bernardes, que é atua na área da educação, em Itaúna (MG), explicou como o ensino domiciliar pode interferir na formação acadêmica e social dos estudantes: “É uma privação do contato deles com outras crianças, até mesmo porque as diferenças de ideias e opiniões fazem com que as crianças evoluam. Então, eu acho que atrasa um pouco a evolução, o desenvolvimento da criança, o respeito à opinião diferente”. Bernardes ainda destacou que o homeschooling é adotado, em geral, por famílias mais ricas, cuja formação tem mães que não exercem nenhuma atividade fora do ambiente doméstico.

Para a psicopedagoga, com o ensino domiciliar a criança pode perder em desenvolvimento e evolução social. (Crédito: Fábio Melo)

Ana Luísa Fonseca, mãe de dois filhos com idades de 8 e 10 anos, defende o ensino domiciliar: “Eu acredito que em casa, meus filhos vão estar protegidos e, como eu gosto de estar perto no quesito educação, acho que vão ter um ensino mais aprofundado, sem perda de tempo com conversas paralelas, brincadeiras desnecessárias e também sem a presença do bullying, tão praticado nas escolas públicas ou privadas”. Por outro lado, há que defenda os modelos atuais, tal como avalia a pedagoga. Vânia de Fátima Pinto, educadora e mãe de duas filhas com idades entre 1 e 17 anos, argumenta que acredita no ensino nas escolas e no acompanhamento em conjunto dos pais no ambiente.

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