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Gustavo dos Santos Mariano

Grupo ajuda jovens a lidarem com transtornos como a depressão

Aumento de casos de transtornos mentais como a depressão associado ao consumo de álcool acende um alerta entre os jovens sobre a necessidade de integração social

Um dos encontros organizado pelo grupo de apoio. (Crédito: Gustavo dos Santos Mariano)

O individualismo vem se consolidando como uma das características da pós-modernidade. O individualismo tem se acentuado sobretudo com as tecnologias, cuja forma de uso, sobretudo pela juventude, em vez de aproximar as pessoas, colabora no isolamento social. Em alguns casos, esse distanciamento individual tem prejudicado inclusive a saúde emocional e física das pessoas, promovendo transtornos mentais, como a depressão. É para combater este isolamento e os prejuízos psicológicos causados pelo mal que adolescentes e jovens da cidade de Alfenas, em Minas Gerais, criaram um grupo de apoio. O objetivo é levar jovens e adolescentes para um ambiente em que possam debater e conversar sobre variados assuntos.

Com encontros semanais, os jovens têm a oportunidade de estreitarem laços entre eles e com a comunidade de Alfenas. "A reunião se faz necessária para que eles tenham um grupo de apoio, com amizades fortes e pessoas que eles possam contar”, explica um dos fundadores do grupo, Lucas Cabral Rodrigues, de 22 anos. O grupo de apoio é organizado por membros da Igreja Presbiteriana Independente de Alfenas. Contudo, os dirigentes destacam que o grupo não se restringe aos praticantes e ao ensino da crença religiosa. Contrastando realidades, os voluntários buscam desde crianças, adolescentes e jovens que estejam em situações vulneráveis, como também aqueles que tenham melhores condições de vida. Apesar de ser um só grupo, nas reuniões são divididos em turmas, chamadas de "células".

Em cada turma se encontram de 10 a 15 jovens, facilitando assim o compartilhamento entre eles. Como afirma Rodrigues: "Os encontros possuem roteiros de temas a serem tratados, dinâmicas e perguntas a serem respondidas pelos membros. Essas perguntas tem como finalidade, buscar um compartilhamento de experiências de todos os presentes, para que no fim da reunião eles possam tirar um ensinamento de todas elas".

Além dos encontros semanais preparada pelos organizadores, há também uma reunião mensal para interação entre todos os participantes de todas as turmas. Chamada de Alike, a reunião que acontece em um sábado do mês serve para que os jovens interajam, discutam e façam dinâmicas entre eles. A média de frequentadores no encontro Alike é de 100 adolescentes. “É um número bem expressivo de participantes, considerando que é um sábado e de que estamos em uma cidade pequena", completa Rodrigues.

Assunto recorrente

Um dos tópicos mais recorrentes nas reuniões realizadas pelo grupo de apoio é sobre a depressão. Tratada como a doença do século, ela afeta muito mais do que só os adultos. Os riscos da doença antes da puberdade em meninos e meninas é alto. Dados do Governo Federal apontam um aumento de 115% nos casos de internação de jovens com idade entre 15 e 29 anos no SUS com quadro de depressão entre 2015 e 2018.

Outro assunto abordado com frequência pelo grupo é os vícios em droga (lícitas ou ilícitas). Como aponta pesquisas do IBGE, realizadas em 2016, o uso de drogas aumentou entre os adolescentes. O percentual de jovem entre 13 e 15 que já experimentaram bebidas alcoólicas aumentou de 50,3%, em 2012, para 55,5% em 2015. O uso de drogas na adolescência costuma apresentar danos mais severos do que na idade adulta. Além dos adolescentes serem mais vulneráveis ao vício, os danos causados podem ser permanentes.

O uso das drogas ou o surgimento de transtornos mentais acaba sendo agravado devido ao isolamento e a falta de profundidade em relacionamentos - seja na família ou nas amizades. “Nós fazemos a célula para que ao expormos nossas dificuldades, nossos problemas, a gente possa superar juntos e aprender a enxergar os que estão à nossa volta. Sermos diferentes em uma sociedade egoísta”, finaliza Rodrigues.

Encontro mensal Alike, que reúne todas as turmas que participam do grupo de apoio. (Crédito: Gustavo dos Santos Mariano)

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