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Fábio Ribeiro

Pessoas de todas as idades se rendem aos grupos de ciclistas

Longos trajetos são traçados e as bikes são as ferramentas para que esse caminho seja feito, seja por necessidade, economia ou simplesmente por puro prazer.

Integrantes do grupo Pedal Alto da XV. (Crédito: Fabio Ribeiro)

A "cultura da bike" está cada vez mais conquistando os corações dos brasileiros. De pedaladas de fim de semana, a uso do meio de transporte como substituição ao carro ou ao transporte coletivo, a bicicleta vem atraindo pessoas de todas as idades, que buscam na prática do ciclismo formas de se desestressar, queimar calorias e principalmente melhorar a saúde e o condicionamento físico. E muitos são os grupos de ciclismo que se reúnem periodicamente para passeios curtos ou até pequenas viagens. Para quem quer percorrer as ruas em duas rodas, grupos de Whats e no Facebook têm sido uma forma de marcar encontros e reunir amantes da bike.

Erlon Bernardino, 45 anos, conta que já andava de bicicleta numa categoria iniciante e passou a integrar um grupo maior. De acordo com o diretor de fotografia, foi neste momento que percebeu a necessidade de treinar mais para alcançar os demais integrantes. Há quatro anos em uma nova equipe, a “Pedal Alto da XV”, Bernardino pedala com mais três amigos nos sábados para acompanhar o ritmo do grupo. "Vamos andar para a gente treinar para quando estivermos com a galera lá a gente não passar vergonha”, afirma.

Erlon Bernardino, um dos líderes do grupo Pedal Alto da XV. (Crédito: Fabio Ribeiro)

De bicicleta em bicicleta, o grupo foi crescendo, e hoje a página reúne cerca de 1,4 mil seguidores e vários integrantes nos passeios que acumulam 100 km de percurso duas vezes por semana. Se a saúde está na preocupação dos ciclistas, logicamente a segurança vem junto. Isso porque geralmente os passeios são por vias muito movimentadas. Assim, destaca Bernardino, é obrigatório que os integrantes sejam ciclistas experientes e que todos possuam pelo menos uma câmera reserva (pneu) e itens de segurança como: capacete, luvas, óculos, rádio comunicador, luzes de sinalização (dianteira e traseira) e colete refletivo.

Itens essenciais de segurança para a prática do ciclismo. (Crédito: Fabio Ribeiro)

O ciclista Mauro Chaves, 52 anos, pratica o esporte há três anos. Ele conta que por ser hipertenso, estar acima do peso e por sofrer muito pela falta de condicionamento físico, tentou outras modalidades como atletismo, mas foi no ciclismo que realmente se encontrou. Seu primeiro contato com o grupo foi através de um amigo, e afirma que o que chamou a sua atenção quando começou foi o acolhimento, motivo pelo o qual o fez participar de mais de um grupo. Ele comenta que a forma de ingressar nos grupos de ciclismo é participar ativamente nas redes socais.

Chaves diz que no início foi muito difícil a adaptação pois não conseguia acompanhar os outros ciclistas, mas que aos poucos foi se surpreendendo com seu novo rendimento e com o aumento gradativo de sua resistência. “Percorremos 16 km, me senti ofegante em muitos momentos, porque estava desacostumado”, conta ele. Com a ajuda de um aplicativo de celular ele controla o tempo de suas corridas, e ressalta também os constantes benefícios que o novo "hobby" trouxe-lhe à saúde: “Usava manequim tamanho 46, atualmente tenho usado o manequim 42”, fala Chaves.

Mas também há um lado ruim, como conta Chaves que já perdeu três amigos devido aos perigos que enfrentam nas ruas, como violência e acidentes. “Isso mexeu um pouco com o meu emocional”, confessa o ciclista sobre o abalo que afetou seu estado psicológico fazendo-o até a parar de andar de bicicleta por um tempo.

Mauro Chaves é um dos integrantes do Pedal Alto da XV. (Crédito: Fabio Ribeiro)

Para participar do grupo é preciso ser indicado por um dos membros e depois receber a autorização dos responsáveis pelo grupo. Um dos líderes, Bernardino, explica que o grupo é misto, e que os componentes são sempre maiores de idade, sendo que os menores de idade participam somente acompanhados pelos pais. Para segurança, o fotógrafo conta que é feito uma fila de no máximo 30 ciclistas na faixa de rua, e comenta que os motoristas nem sempre respeitam os ciclistas.

Os ciclistas que integram essas faixas de segurança são conhecidos como “anjos”, e desempenham a função de impedir que o trânsito prejudique os ciclistas, e que estes desobedeçam às normas de trânsito durante o percurso. Uma rota é previamente estabelecida para o grupo, saindo do local e retornando novamente ao ponto de partida. Para comunicações entre os “anjos”, é utilizado um rádio “HT” (rádios intercomunicadores portáteis).

Grupo Pedal XV na represa do Passaúna em Curitiba. (Crédito: Erlon Bernardino)

Os benefícios da prática do ciclismo

A prática do ciclismo proporciona inúmeros benefícios a seus praticantes como o desenvolvimento da musculatura, principalmente quadríceps, posteriores da coxa, panturrilha, abdominal, glúteos, extensores da coluna, dentre outros, melhorando também a capacidade cardiorrespiratória. Músculos do ombro, braço e antebraço também são desenvolvidos. Quem relata é a doutora em educação física Katiuscia Mello Figueroa.

Katiuscia, que também é professora universitária, diz que devido à produção de endorfina, a prática do ciclismo também melhora a qualidade do sono e o sistema imunológico. “Isso faz com que sejamos mais resistentes à doenças. Em geral, o corpo como um todo funciona melhor”, afirma ela. A pesquisadora, contudo, alerta para a necessidade de fazer alongamentos e hidratar-se bastante após os exercícios físicos, além de realizar pausas para descanso no caso de longas distâncias.

Apesar de destacar a inexistência de limites de idade para a prática do ciclismo, Katiuscia ressalta que diferentes grupos têm diferentes capacidades físicas. Segundo a professora é muito importante sempre conhecer sua capacidade física, os locais em que irá pedalar (dificuldades do terreno), e o tempo médio de ida e volta do trajeto. Outra dica é sempre realizar exames periódicos dependendo da idade e do quadro clínico. “Pessoas com qualquer tipo de doença devem consultar um médico e só começar a praticar depois após sua liberação”, lembra a professora.

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