Solidariedade. Substantivo feminino formado por sete sílabas e 13 letras que segundo o dicionário Michaelis é um sentimento de amor ou compaixão pelos necessitados ou injustiçados, que impele o indivíduo a prestar-lhes ajuda moral ou material. Pandemia. Também substantivo feminino, mas com quatro sílabas e oito letras, é um termo usado para descrever uma situação em que uma doença infecciosa ameaça simultaneamente muitas pessoas ao redor do mundo. Juntas, tais palavras denotam um cenário cada vez mais presente na vida da população.
O Covid-19 ou o Corona vírus é a atual pandemia que assola nossas vidas. Uma das formas de prevenção indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o isolamento domiciliar. Em algumas cidades, Estados ou até mesmo países, a quarentena foi decretada como obrigatória. Já no Brasil, desde que o primeiro caso foi anunciado, cada Estado e cidade está tomando as medidas que seus governantes julgam necessárias. Em meio ao quadro de isolamento, tornou-se comum vermos em redes sociais, elevadores ou murais de condomínio, pessoas se solidarizando e se colocando à disposição de idosos ou pessoas que fazem parte do grupo de risco, para ir ao mercado/farmácias e padarias.
Bilhete anexado em elevador de um condomínio. Foto: Rafaela Battaglia.
Um desses exemplos é o da publicitária Maria Luísa Ribeiro Grossmann, 19 anos, que resolveu colocar um bilhete no condomínio em que mora, disponibilizando-se a ajudar as pessoas que são do grupo de risco e que não podem sair de suas casas. “A ideia surgiu quando eu vi uma matéria no jornal, e como eu já iria no mercado de qualquer jeito, decidi colocar o aviso”, conta Grossmann.
A publicitária completa com outros motivos que a levaram a tomar tal iniciativa. “Acho que é um gesto de carinho com pessoas que apesar de eu ver todos os dias, não somos tão próximos. A gente nunca sabe se alguém precisa também”. A medida, despretensiosa, já surtiu efeito na vida das pessoas do condomínio, tanto de forma a incentivar outros a atuarem solidariamente, quanto de forma prática, na para a compra de medicamente para uma condômina. “Apenas uma senhora me procurou para ir na farmácia. Acredito que não teve muita gente porque aqui não temos muitos idosos, e os que tem, possuem filhos que são bem presentes”.
Bilhete anexado por Grossmann no mural de seu condomínio. Foto: Maria Luísa Ribeiro Grossmann.
Outro método para prevenir a Covid-19 é o uso de álcool em gel 70%. Enquanto vemos comerciantes e fabricantes vendendo o álcool a preços abusivos, também existem gestos de solidariedade em meio a tudo isso. E a ajuda vem de todos os lados, desde pequenos comerciantes que doam álcool em gel, até grandes empresas que estão produzindo esse mesmo álcool e doando para hospitais.
É o que fez o empresário Maicon Diego Custódio, 33 anos, que é proprietário de uma farmácia no bairro Uberaba (PR). O comerciante ao invés de vender álcool em gel, resolveu doar para a comunidade. “Fazer o bem sempre é bom, principalmente nesses momentos que está complicado. Se todo mundo se ajudar é interessante, eu já ajudo na igreja, quando posso, e essa foi uma situação que todo mundo estava precisando”, conta Custódio sobre o gesto.
Fachada da farmácia no dia da ação. Foto: Aquivo pessoal/Maicon Custódio.
Foram três dias de ações em que cada pessoa podia levar seu próprio recipiente de 50ml. Os 50 litros atingiram cerca de mil pessoas, não só do bairro, mas da cidade inteira. O comerciante conta que poderia ter faturado dois mil reais com a venda do álcool doado. “Acho que não era a hora de ganhar dinheiro, era a hora de ajudar. Se eu fosse vender ia ganhar uns R$ 2 mil, não ia fazer tanta diferença, não ia me deixar rico, já sou bem abençoado graças a Deus, então decidi dividir com todo mundo”.