Cada região do Brasil demonstra suas particularidades culturais através do vocabulário. Confira o mapa de gírias em cada região.
Já dizia Caetano Veloso ao citar a famosa frase do poema "O Livro do Desassossego", de Fernando Pessoa, em sua música Língua: ''minha pátria é minha língua''. O Brasil é o quinto maior país do mundo em extensão territorial, mas além de muita história, todo esse território resguarda suas particularidades regionais, característica que se estende para o vocabulário.
A doutora e mestra em Letras pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Literatura e Cultura, com foco em Línguas e Literatura Clássica, Karina Fonsaca, diz que o “português brasileiro” é uma composição diversificada de línguas e outras influências, seja das populações originárias ou daquelas trazidas pelas migrações (violentas ou não). “A formação da Língua Portuguesa, na Península Ibérica, possuiu conexões antigas saídas do Latim Vulgar até a diversificação dos registros que culminaram no Português moderno. Desse Português até a terra brasileira há mais que sete mares para atravessar”, explica Fonsaca.
Chamar a língua nacional de “portuguesa” compreende um processo político, social, cultural e educacional que definiu o que reconhecemos oficialmente como a língua do Brasil. E que é, mas não obrigatoriamente, a língua materna da nossa população (vide os povos indígenas com suas línguas maternas). A especialista destaca que o “nosso” português deve ser compreendido considerando as relações de somas e apagamentos na história de outras línguas que também estão presentes no Brasil.
O vocabulário brasileiro é “extraordinário e variado”, de acordo com a professora. Composto pelas palavras de origem românica (da família das línguas advindas do Latim); das línguas dos povos africanos, dos povos indígenas e, num processo mais recente, através das correntes migratórias de outras populações. “A língua é algo vivo, narrar sua origem e suas mudanças é como recontar a história de nossa própria ancestralidade, e isso não é simples”, comenta Fonsaca.
Dialeto e sotaque
Se consultarmos um dicionário de Linguística, veremos que o dialeto é entendido como uma forma de língua com um sistema próprio (sintático, fonético e lexical). Geralmente, o dialeto não tem o mesmo status da língua nacional do ponto de vista cultural ou social e nem por isso, deve ser interpretado como uma deformação da língua “principal”.
Por vezes, o dialeto é entendido parcialmente pelos falantes de línguas vizinhas ao seu território. Outras vezes, por pertencerem à mesma comunidade linguística e compartilharem de mais elementos de identificação, os usuários da língua oficial ou normalizada, conseguem estabelecer uma comunicação interessante e compreensível entre si e os dialetos.
Já o sotaque faz parte das expressões linguísticas em geral. Na verdade, ele está relacionado aos chamados “hábitos articulatórios”, ou seja, os modos como articulamos os componentes sonoros significativos, linguisticamente, para realizar os fonemas e as entonações em nossa língua. “Algumas regiões se distinguem de outras por sotaques, ou ‘hábitos articulatórios’ diferentes; bem, isso não as torna menos válidas linguisticamente, diga-se de passagem”, finaliza a linguista.
Confira algumas gírias e expressões regionais espalhadas pelos estados brasileiros ao passar o cursor pelos ícones no mapa:
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