Redes sociais engajam os jovens, mas usá-las diariamente não garante o desenvolvimento de uma postura crítica frente às telas.
Estudo revela que a principal fonte de informação dos jovens são as redes sociais (Crédito: Pixabay).
As interações nas redes sociais aumentaram, principalmente em decorrência da pandemia da Covid-19, e o resultado foi que as relações sociais têm sido cada vez mais mediadas por telas. Nesse contexto, a escola tem um novo desafio: se adaptar as condições de ensino atuais.
O relatório ''Inter-relações Comunicação e Educação no contexto do ensino básico'' apresenta dados sobre a relação dos professores com as novas tecnologias digitais. Segundo o documento, cerca de 72% dos professores entrevistados relataram que não tiveram contato com esses meios de comunicação durante a sua formação.
Daniela Costa é professora de língua portuguesa, formada em pedagogia e letras. Seu relato confirma os dados: “A falta de formação adequada é um dos motivos que dificultam o uso das novas tecnologias e mídias digitais em sala de aula.”
A investigação realizada pelo grupo de pesquisa Mediações Educomunicativas (MECOM), da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), também mostram informações sobre os hábitos de consumo de mídia dos jovens:
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que o aluno egresso deve ser capaz de se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas fazendo o uso das tecnologias digitais de forma crítica, ética e autônoma.
Segundo o documento, embora o espaço digital seja livre e familiar para crianças e adolescentes, a escola deve considerá-lo, pois estar familiarizado e usá-lo não significa saber lidar de forma crítica com os conteúdos recebidos e produzidos na web.
A professora doutora Maria Iolanda Monteiro, docente do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTPP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar, aponta desafios e potencialidades no trabalho com as mídias digitais e seus conteúdos:
O campo jornalístico-midiático e o desenvolvimento da leitura crítica
Conforme a BNCC, a língua portuguesa deve trabalhar com o campo jornalístico-midiático, cujos conteúdos podem contribuir para o desenvolvimento da leitura crítica. Entre os critérios, estão a confiabilidade da informação, disseminação de fake news e manipulação de fatos e opiniões.
A professora Daniela Costa relata como trabalha os assuntos propostos nesse campo: “Estou trabalhando o gênero textual artigo de opinião. Apresento aos alunos textos contrapondo opiniões sobre alguma situação atual, procuro saber se eles entenderam o texto e destacamos o que é fato e o que é opinião. Depois também peço que apresentem seus posicionamentos em um texto escrito'', diz a professora.
Inclusão das tecnologias digitais no ensino
Assim como os alunos precisam aprender a lidar com as novas tecnologias de informação e comunicação e com os conteúdos dos meios digitais, os professores necessitam de formação pedagógica para usar esses recursos. Maria Iolanda Monteiro reflete sobre o compromisso das licenciaturas nesse movimento:
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