Falta de vacina compromete o controle da doença leishmaniose, que é transmitida por mosquito e que tem cães como hospedeiros
Por: Camila Sehn

O Brasil registrou um aumento de 8% nos casos de leishmaniose em 2022, segundo dados do DataSUS, base de informação do Ministério da Saúde. Este é o primeiro crescimento no índice desde 2017. De acordo com o Ministério da Saúde, 174 pessoas morreram por causa da doença, em 2022. A taxa de letalidade da doença é alta, podendo chegar a 95% dos casos, mesmo com o tratamento correto. A leishmaniose é uma doença endêmica, ou seja, relativa a uma região geográfica, e é registrada com frequência em mais 80 países. O Brasil, juntamente com Sudão, Quênia e Índia registram mais da metade dos casos.
Os cachorros são os principais hospedeiros. A doença é transmitida por um vetor, um inseto conhecido popularmente como mosquito-palha. Ao picar o cão contaminado, o mosquito passa a carregar o parasita. Quando este mosquito pica o ser humano, contamina a corrente sanguínea do indivíduo como a leishmania. De acordo com a Enfermeira e Coordenadora da Secretaria de Saúde de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, Janete de Souza os procedimentos necessários estão sendo realizados. “Estamos fazendo todos os protocolos de cuidado e atenção para o bem-estar dos animais, para que esses não sejam infectados e para que cada vez mais esse número se diminua”, comenta.

Uma recomendação dos órgãos públicos de saúde é a eutanásia de animais contaminados para evitar a transmissão. Outra opção é a realização de tratamento, quando for possível. Nestes casos, o tutor pode se responsabilizar pelo tratamento e acompanhamento constante com veterinário para avaliar as condições de saúde do animal.
O fiscal da vigilância sanitária do município, Gabriel Alves, conta como foi realizado um dos processos. “A vigilância foi comunicada da suspeita de leishmaniose, então procedemos com a coleta sanguínea do animal, para realização de análise junto ao Laboratório Central do Estado, o Lacen. Posteriormente, houve a confirmação do diagnóstico da doença, sendo orientado aos tutores de que o relatório do manual do Ministério da Saúde e as orientações da Secretaria Estadual da Saúde deveriam ser providenciadas a eutanásia do animal para evitar a transmissão ou realização de tratamento”.
Gerson Teixeira, dono do cachorro, fala que não tinha conhecimento da doença. “O nome dele era Robinho e fomos descobrir quando era tarde demais, por falta de informação. Não levamos ao veterinário porque tentamos medicar em casa, fazer um tratamento caseiro. Quando a gente viu, estava muito grave e daí, sim, levamos ao veterinário e ele informou que era leishmaniose e que não tinha cura”, relata.
Em cachorros, a doença pode causar perda de pelo, emagrecimento, aumento de gânglios, aumento de baço e fígado, aumento das unhas, dentre outros sintomas. Em humanos, pode provocar febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia. Já em humanos, as medidas de prevenção incluem o uso de repelentes, principalmente nos horários de atividades do vetor, e a limpeza dos quintais, principalmente os que possuem plantas, para evitar o acúmulo de matéria orgânica.
Um dos motivos que podem explicar o aumento da doença da leishmaniose é a falta de vacinas
A fabricação e a venda da Leish-Tec, única vacina contra a leishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil, foi suspensa em maio de 2023. O motivo, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, foram desvios de conformidade detectados em lotes do produto, gerando risco à saúde animal e humana. A vacina contra a leishmaniose não tem previsão de para voltar ao mercado.
A Leish-Tec é indicada para a prevenção da Leishmaniose Visceral Canina, e tem proteção individual de 92% a 96%. Essa vacina é uma grande aliada na proteção do cão contra a Leishmaniose Visceral Canina. A Leish-Tec é uma vacina recombinante contra a Leishmaniose Visceral Canina e sua função é estimular o sistema imunológico do cão para combater e eliminar o parasito ( Leishmania ), caso o cão seja picado pelo mosquito palha infectado.
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