Jovens estão iniciando suas vidas sexuais cada vez mais cedo, mas sem os conhecimentos necessários
Crédito: Talita Lopes
Segundo o relatório sobre a Situação da População Mundial do Fundo de População da ONU, as gestações na adolescência no Brasil estão acima da média mundial, sendo 53 para cada mil gestações. No mundo são 41.
São mais de 19 mil nascidos vivos por ano, de mães com idade de 10 a 14 anos, segundo dados do Ministério da Saúde agrupados pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Ester Leite, 19, descobriu sua gravidez aos 16 anos. Seu corpo começou a dar sinais e, ao contar para uma amiga, foi encorajada a ir ao hospital fazer um teste. Lá realizou uma ecografia, confirmando a gravidez e descobriu que seria mãe de uma menina.
‘’Não era um desejo meu de ser mãe. Hoje ela (filha) é o amor da minha vida, mas eu não estava preparada’’, conta ela.
A repressão dos pais e familiares muitas vezes desencorajam os jovens a perguntar e iniciar conversas sobre sexualidade. É comum que mesmo depois de já gestantes, essas jovens ainda sintam medo e vergonha de procurar conhecimento.
De acordo com dados da pesquisa realizada pelo Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, 7,9% das meninas de 13 a 17 anos que já tiveram relação sexual engravidaram alguma vez na vida.
A gestação é um dos momentos mais delicados, com diversas transformações, não só físicas, mas também psicológicas. O impacto de uma gravidez na adolescência é bem forte, principalmente por ser um período onde os hormônios estão em ebulição, afirma Thelma Curupaná e Silva, psicóloga que atua No Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
Thelma, que é responsável pelo grupo, nos contou em uma entrevista por áudio, como é a rotina do Grupo de Adolescentes Gestantes da unidade Graciosa.
Dentre os métodos contraceptivos mais utilizados, a camisinha é o método mais conhecido, com índice de falha entre 8% a 20%. Além de prevenir doenças sexualmente transmissíveis é também bastante acessível pelo baixo custo e fácil utilização. Muitas unidades de saúde dos municípios disponibilizam gratuitamente o contraceptivo.
A Ester, jovem entrevistada, foi saber como funcionava seu corpo e conhecer métodos contraceptivos meses antes de engravidar. Ela não tinha uma relação aberta com os pais, e isso é mais comum do que se pode imaginar.
Se o assunto é tratado naturalmente em casa, deixa o adolescente mais preparado para saber a necessidade de usar métodos contraceptivos, inclusive seus prós e contras.
O Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos criou, em fevereiro deste ano, um programa de prevenção a gravidez na adolescência, o Plano Nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez de Adolescentes. Ele auxilia na conscientização sobre os riscos e as consequências de uma gestação na fase adolescente.
Apesar dos dados indicarem queda, não diminui os obstáculos que envolvem uma gravidez precoce, segundo especialistas.
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