De acordo com pesquisas recentes da Organização Mundial de Saúde e do Instituto Cactus, a saúde mental de jovens entre 16 e 24 anos é a mais afetada pela ansiedade no Brasil.
Por Isabella Cami Villalba
Ilustração de pensamentos ansiosos (Por: Isabella Cami Villalba)
Na última década, o tema da saúde mental se propagou, principalmente, através das redes sociais, dando visibilidade à importância dos cuidados mentais. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em seu último mapeamento, de 2022, apontou que o Brasil ocupa a quinta posição entre os países mais depressivos, tendo aproximadamente 9,3% da população brasileira diagnosticada com ansiedade, sendo o mais alto índice mundial. Ainda no mesmo mapeamento divulgado em 2022, foi alertado sobre a necessidade de mudanças nas práticas de saúde mental dos brasileiros, pelo bem-estar geral. De acordo com o Instituto Cactus, o ICASM, é um panorama de pesquisa baseado na métrica de alguns aspectos e situações de vida que impactam na saúde mental e resultam em uma pontuação, utilizada para medir os índices psicológicos da população. Os jovens entre 16 e 24 anos, são os mais afetados, apresentando resultados preocupantes, principalmente, em relação à ansiedade.
Relatório ICASM 2023 (Imagem: Panorama da Saúde Mental)
Segundo a estudante Mônyca Antunes, de 19 anos, uma jovem que realiza tratamento para ansiedade, em torno de seus 15 anos, começou a ter problemas com sua saúde mental. “Eu não sabia dizer o que estava sentindo, então comecei a ter crises (de ansiedade) quase todos os dias, normalmente nas noites”. A estudante buscou ajuda médica um tempo depois, com apoio de sua família, pois a ansiedade começou a atrapalhar sua vida. “Qualquer lugar que eu saia, no mercado ou em outro lugar, eu começava a ter uma crise por qualquer motivo”. A perda de familiares desencadeou esses sentimentos ansiosos, atualmente a jovem entende isso, porém quando iniciou o tratamento, não. “Eu não sabia me expressar, o remédio e o acompanhamento psicológico, me ajudaram bastante”.
A psicóloga Caroline Imhoff, de 39 anos, que atua como profissional na área da saúde mental há 14 anos, explica que a ansiedade quando não tratada gera prejuízos, não só na saúde mental, como também, na saúde física. Além, de poder desencadear outros transtornos, como a depressão. “Alguns pacientes que atendo, apresentam sintomas de angústia, falta de ar, tremores corporais, náuseas”. De acordo com a profissional, a grande vantagem do acompanhamento psicológico, é que os profissionais da área podem auxiliar na compreensão desse sentimento e nos gatilhos que podem ativá-lo. “A ansiedade muitas vezes é fantasiosa”. O psicólogo, ensina o uso de técnicas e ferramentas que bloqueiam os pensamentos ansiosos, ajudando os pacientes a lidarem melhor com o transtorno, além de desenvolver sua confiança e inteligência emocional. “O primeiro passo, é pedir ajuda”, porém o tratamento necessita de paciência, pois é um processo gradual de evolução.
Confira a entrevista completa com a psicóloga Caroline Imhoff no YouTube:
Muitas doenças mentais, como ansiedade e depressão, não possuem uma cura definitiva, mas sim, o tratamento ao longo da vida, de acordo com a psicóloga Franciane Bortoli, em seu artigo para o blog ”Psicólogo Com.br”, porém em alguns casos, é possível que o paciente não volte a lidar com os sintomas novamente. A profissional explica que além da ajuda medicinal e psicológica, exercícios físicos, atividades de lazer, técnicas de respiração, auxiliam no autocontrole e na convivência com os transtornos. Porém é essencial, o incentivo a busca de ajuda profissional, pois é o meio mais seguro e que garante melhora no quadro que o paciente se encontra.
Conforme a psicóloga Tamires Lax, em seu artigo publicado no blog “Psicólogos Berrini”, o apoio familiar e de amigos, é de grande ajuda no acolhimento das pessoas que sofrem com alguma questão de saúde mental, pois ajudam a impulsionar a melhora, o sentimento de solidão em períodos depressivos ou ansiosos, pode ser ainda mais prejudicial. O recente filme da Pixar, “Divertidamente 2”, retrata essa situação, onde a protagonista Riley, que está entrando na adolescência, começa a sofrer com a ansiedade, justamente pelo medo das recentes mudanças em sua vida e da solidão.
Apesar de ainda existirem alguns estigmas relacionados à saúde mental, é ideal que os pacientes busquem por acompanhamento profissional, caso sintam que os sintomas estão interferindo em sua vida. O Centro de Valorização a Vida, oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio, com atendimentos gratuitos. Em casos de emergência, busque ajuda discando 188.
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