O mercado fonográfico cresce pelo 7° ano consecutivo no país
Por Ynara Mattos
"Decidi me dedicar a estudar produção para aprender a gravar minhas próprias músicas, mixar e masterizar", afirma o músico Phellipe Santos
Artistas independentes no país se deparam com uma série de desafios que vão desde a dificuldade em obter reconhecimento profissional até a busca por visibilidade no mercado. A falta de recursos financeiros para investir na carreira é uma realidade constante, somada à necessidade de gerenciar de forma autônoma todos os aspectos da carreira, desde a produção até a promoção.
É preciso equilibrar a criação artística com as demandas comerciais e administrativas, enquanto se busca oportunidades para apresentação e distribuição das obras. Valtinho Jota, Compositor, Produtor e Cantor, acredita que a falta de recursos financeiros para atingir as altas expectativas do mercado atual, em termos de números e alcance nos streamings, seja um dos maiores desafios para o artista independente.
Além disso, os artistas independentes desfrutam de uma liberdade criativa e da habilidade de experimentar novos métodos e estratégias para explorar e aprimorar suas composições, artes e expressões culturais sob novas perspectivas, o que gera ainda mais inovação cultural no cenário nacional, contribuindo assim para seu enriquecimento. Suas obras frequentemente atuam como espelho que refletem questões sociais, espirituais, políticas e ambientais, estimulando diálogos e reflexões críticas dentro da sociedade.
A arte possui uma importância muito grande na cultura brasileira. Valtinho compartilha que a essência de uma nação/raça, se faz através de costumes ancestrais e de sua cultura. "A arte trazida pelos escravos, fundida com a cultura dos povos originários e, mais tarde, sofrendo influência de outras partes do mundo, faz do Brasil um país extremamente rico em sua arte, sendo reverenciado em cada canto do planeta por sua singularidade". - reitera o Produtor
Crescimento do mercado fonográfico
O Brasil é conhecido por sua cultura diversificada e rica, na qual os artistas independentes desempenham um papel fundamental para o crescimento desse mercado. De acordo com os dados da Pro-Música Brasil (PMB), em 2023 o mercado fonográfico brasileiro cresceu pelo 7° ano consecutivo, apontando uma alta de mais de 13% em relação a 2022.
O streaming foi o formato que mais colaborou para o crescimento do mercado, com uma alta de mais de 14%. Só com as assinaturas, a receita dos streamings de áudio — como Deezer, Spotify e Apple Music — foi de R$ 1,6 bilhão. Ao todo, as plataformas têm mais de 22 milhões de ouvintes pagantes.
Expressões artísticas não apenas enriquecem a cultura do país, mas também provocam debates significativos, inclusive de natureza política. Ao abordar questões cotidianas de forma sutil, as obras desses artistas estimulam reflexões profundas sobre aspectos muitas vezes considerados triviais, mas que desempenham um papel crucial na formação da identidade nacional.
Trajetória de um artista independente
Phellipe Santos, de 24 anos, é um artista carioca. Ele compartilha que sua história na música teve início ainda na adolescência, influenciado pelas famosas frases de impacto no que antes eram colocadas nos status do whatsapp - hoje, conhecido como recados - e foi através delas que Phellipe começou a se interessar por batalhas de rima. Junto com alguns amigos, ele decidiu criar um grupo de rap.
“Com o início do grupo, começamos a compor músicas, juntar dinheiro para investir em gravações mais profissionais e em estúdios. Foram lançadas duas músicas, alguns shows realizados e mais de 15 mil visualizações. Porém, em certo momento, o grupo acabou traçando novas prioridades, foi quando optamos por desenvolver um projeto com outros artistas e amigos que também compartilhavam do mesmo sonho. Esse projeto consistia em um selo, conhecido como Khali Entertainment, onde cada artista teria a sua carreira solo, porém trabalhando juntos” - Afirma Phellipe Santos
Após o fim do grupo, Phellipe decidiu colocar de lado o seu sonho na música. Durante esse período, ficou administrando os artistas que faziam parte do selo, focando mais na parte de produção artística e pensando em estratégias de marketing. Ele acredita que esse tempo dedicado ao estudo proporcionou experiências valiosas, ajudando a organizar suas ideias e decidir dar início a sua carreira solo, foi quando passou a usar o nome artístico Phéll.
Phéll, explica que a ideia de seguir carreira solo tomou forma em 2021, quando ele começou a revisitar músicas que já tinha guardado e sentiu o desejo de lançar algumas delas, gerando uma vontade de fazer ainda mais. “Decidi me dedicar a estudar produção para aprender a gravar minhas próprias músicas, mixar e masterizar. Aos poucos, fui adquirindo os equipamentos necessários para as gravações, analisei cuidadosamente as músicas que desejava lançar e tracei planos e metas. Realizei um primeiro lançamento como teste, apesar de não se tratar de uma música 100% autoral.
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